INTRODUÇÂO
O
presente trabalho procura investigar, sob uma perspectiva da Filosofia da
Educação, princípios que relacionem Trabalho e Educação, na medida em que
entendemos que a Educação é indissociável do processo de construção da
realidade social - individual e coletiva. A realidade social apresenta desafios,
diários e constantes, relacionados, diretamente, ao mundo do trabalho. Especificamente,
ao tratar da Educação, muitos estudiosos do tema apresentam a importância deste
sistema como aquele responsável por desempenhar papel determinante e
articulador ativo - por sua estrutura alicerçada em formatos e modelos - através
de currículos e metodologias, que representa um futuro possível e palpável ao
indivíduo, por meio do que se entende como organização social através da
implementação de programas diversos. Aqui, a proposta é pensar sobre o objetivo
de programas formais - que avançam ou são paralisados por governos distintos - por
sabermos que a Educação é um poderoso instrumento de compartilhamento de
valores e de normas promovendo, ou não, a igualdade de oportunidades e de
direitos. Deste modo, o status quo da
Educação pode tanto contribuir para o desenvolvimento do senso crítico do
indivíduo quanto para a manutenção dos mais diversificados aspectos
relacionados às desigualdades sociais, em suas mais variadas concepções.
O sistema educacional brasileiro,
recorrentemente, sofre com as inúmeras intercorrências políticas e econômicas
promovidas pelas mudanças dos governos. O que parece acontecer, de fato, é a
manutenção de uma lógica implícita, mas revelada pela utilização do sistema
como um meio de produção de mão de obra barata (a partir do “uso” das classes
populares), ainda que se possa observar uma outra Educação voltada para um
grupo da sociedade cujo acesso, desde às informações “pré-escolares”[1], acontece de modo
eficiente e ininterrupto. Neste aspecto, fecha-se os olhos para o pouco
investimento em políticas voltadas para a melhoria do ensino gratuito. A tão
desejada universalização do ensino não se dá como os governos a preconizam, de
modo continuado.
O tema apresenta grande
complexidade, pois ainda que existam programas formais instituídos que promovam
o caráter dialógico[2]
e progressista na maneira e nos modos de ministração das aulas, encontramos, em
pleno século XXI, a resistência às mudanças tanto da parte da população, como
um todo, como de parte do próprio corpo docente, tal o seu condicionamento ao modus operandi que, por décadas, foi
fortalecido e imposto como regra e praticado, nas escolas, bem como o caráter cultural
de desprestígio, aclamado pelos governos e pela cultura popular, sobre a classe
docente junto à sociedade.
O governo perdeu a
legitimidade de todas as propostas porque não usa do consenso para elaborá-las.
Ao contrário, utiliza-se da força para impô-las. Perdeu o apoio de estudantes e
professores. O caráter, autoritário e antipopular, de suas iniciativas acabaram
por dissolver completamente a pouca credibilidade que tinha diante dos
educadores. (GADOTTI, 2012, p.185).
Uma Educação dialógica apresenta
possibilidades maiores de fugir das imposições governamentais que, via de regra,
são norteadas por outros interesses que não estão vinculados às reais necessidades
de uma maioria. Neste sentido, observa-se a recente incorporação de uma disciplina,
no currículo escolar do Ensino Médio, totalmente estranha ao corpo de matérias
pedagógicas presentes na maior parte dos currículos básicos das escolas do
Brasil: o empreendedorismo. O novo componente curricular, como é conhecido, foi
inicialmente inserido nos currículos das escolas públicas e particulares no ano
de 2017, como uma solução educacional inovadora, mas que reflete o uso de uma fórmula
antiga a fim de reimplantar um pensamento utilitário, não muito distante do
pensamento tecnicista, apregoado entre os anos de 1970 e 1978 pelos governos
militares. Parece que ser empreendedor tornou-se a palavra de ordem do Brasil na
contemporaneidade, especialmente, na Região Sudeste.
Predomina a
mentalidade da escola-empresa. Como empresa ele deve atingir certos objetivos
através de certos meios. Existem padrões burocráticos a serem alcançados, se o
educador não consegue alcança-los, isso é atribuído a má administração ou a não
aplicação das técnicas mais modernas. Todo funcionamento da escola é medido em
função dos resultados obtidos, confundidos normalmente com o preenchimento de
todos os requisitos burocráticos. Interessa apenas a quantidade, a execução
rigorosa do planejamento, a disciplina instaurada, o cumprimento a dos
horários. (GADOTTI,2012, p.185)
Curiosamente, o empreendedorismo é
uma matéria cujo objetivo é fazer com que o aluno desenvolva habilidades
pessoais, necessárias para vida, além das que o currículo básico apresenta. A
pergunta que se faz é: as disciplinas existentes em uma escola de horário
integral, por exemplo, não seriam suficientes para este preparo? Nas escolas de
referência, por exemplo, o currículo do Ensino Médio Integral contempla, entre
outras novidades, a disciplina de Projeto de Vida, o PV ou PVC, núcleo
articulador responsável por mediar o desenvolvimento destas mesmas premissas
com o foco nas competências sócio emocionais. Ao tentar responder à questão,
começamos a refletir sobre a real importância do empreendedorismo dentro de um currículo
escolar e as razões pelas quais esta matéria teria sido introduzida, neste
tempo, nos currículos escolares do Ensino Médio como disciplina técnico-profissionalizante,
frente a uma população pobre, ou seja, sem recursos. Procuraremos, então,
investigar de que forma este componente, na verdade, pode ser pensado como um
novo tecnicismo tendo em vista o caráter instrutivo do componente curricular.
A
fim de refletirmos a respeito dos termos vinculados, a saber, o empreendedorismo
e o tecnicismo, cunhou-se, a partir da interligação destas duas palavras, outro
termo, a saber, a expressão “tecnerísmo”, neologismo através do qual serão
trabalhadas as ideias desenvolvidas, nesta proposta, sobre este que seria um “novo
método”. O “tecnerísmo” seria um tecnicismo revestido de uma “novidade”, somente
de aparência remodelada, cujo contexto revela o velho pensamento utilitário, em
que o aluno sairá do curso capacitado a desenvolver e administrar seu próprio
negócio. Sabemos que esta não é a realidade dos alunos, especificamente, da
escola pública, muito menos a curto prazo, pois entendemos a Educação não como
um processo instrutivo tal qual nos parece ser a proposta empreendedora, mas
como uma ferramenta para a leitura do
mundo a proporcionar autonomia necessária para fazer suas próprias escolhas. Sendo assim, este estudo se propõe a
debruçar-se sobre os aspectos filosóficos e, em alguns momentos, sociológicos que
o tema faz aflorar dada a sua complexidade e a sua atualidade.
3.1. QUESTÕES DE
PESQUISA.
Se, em verdade,
substituímos a educação pela instrução, é a segunda e não a primeira que nos
temos remetido em nossas discussões; é com a instrução que nos temos
preocupado. Tal situação acaba de dirimir, de uma vez por todas, a questão
educacional que imaginávamos refletir. Além disso ela nos vem denunciar que
nossa contemporaneidade não tem espaço para a educação, mas só para a
instrumentação. (CRITELLI in SPANOUDIS,1981, p.64)
Durante
anos, o sistema educacional tem sido vítima da descontinuidade das políticas
públicas, pois estas se revezam de acordo com quem está no poder. Algumas
iniciativas perduram um pouco, outras menos, entretanto, via de regra, é a
descontinuidade e a desestruturação dos planos desenhados para uma pretensa
melhora no desenvolvimento da Educação que prevalecem.
As
falas e os discursos que sempre ouvimos, giram em torno da ideia de que a
Educação é a saída para as mazelas do país.
Ao mesmo tempo, contraditoriamente, assistimos à implementação de
projetos metodológicos educacionais que não resistem às mudanças de governo. Os
motivos pelos quais as metodologias não encontram sucesso ao serem
implementadas estão relacionados, de certa forma, a uma resistência em
emancipar a população com uma educação de qualidade - que, realmente,
desenvolva o senso crítico a partir de disciplinas como a Filosofia e a Sociologia,
reintroduzidas, muito recentemente (2008/2010), no currículo escolar - assim
como ao descaso do sistema com as políticas públicas. Quanto ao primeiro motivo
citado, observa-se que a reintrodução de matérias como a Filosofia e a
Sociologia no currículo comum das escolas públicas, é resultado de uma luta da
sociedade civil, através de organizações não governamentais, que, na época,
entenderam como uma necessidade do homem contemporâneo, diante de um mundo cada
vez mais complexo e tecnológico, refletir, pensar e questionar sobre as
modernas ou pós-modernas relações humanas criadas dos media - termo cunhado por
Jean Baudrillard[3]
para sinalizar a massificação dos meios de comunicação - e da globalização que se
apresenta, hoje.
As
ciências humanas, principalmente a Filosofia, auxiliam na prospecção e na compreensão
de todas as demais disciplinas, assim como as conduzem aos seus tempos
imediatos quando questionam, explicam e/ou exemplificam, tendo em vista sermos,
todos, frutos de uma era devastada, tanto na esfera política quanto na
histórica, pela virtualidade. Na era das fake news, novidade é se revestir de
verdade. Em 2019, ainda se discute qual seria a melhor maneira de ministrar
Filosofia em uma sala de aula, pois suas especificidades e sua amplitude são
pontos a serem observados.
O
presente trabalho se propõe, deste modo, a debater a Educação, pelo viés
filosófico, ou seja, propor a análise da escola de hoje, pública, oferecida
pelo Estado ao pobre - dentro da atual política neoliberal - como alternativa
de inclusão no mundo do trabalho pela disciplina empreendedorismo, matéria atualmente
inserida nos currículos das escolas de horário integral do Rio de Janeiro.
Investigar-se-á se, de fato, esta disciplina seria a mola emancipadora do
indivíduo para este tempo, a fim de torná-lo autônomo em suas demandas,
considerando-se a realidade do aluno atendido. Questões tais como, “De onde
falo?”, “Para quem falo?”, “A quem se destina?”, “Para que existo?”, precisam
ser questões a serem respondidas, neste trabalho, de modo claro e simples;
questões sobre a escola que já existe e sobre as pessoas a quem a escola se
destina e com quais propósitos. Como nos diz Demerval Saviani,
Uma visão histórica
da Educação mostra como esta esteve sempre preocupada em formar determinado
tipo de homem. Os tipos variam de acordo com as diferentes exigências das
diferentes épocas (SAVIANI, 1986, p.39)
Hoje,
a palavra que mais ouvimos entre aqueles que pensam a “engenharia educacional”
é a empreender. Sendo assim, perguntas devem ser levantadas: A que tipo de ser
humano destina-se, então, a concepção empreendedora? E quais são os fatores que
alimentam esta concepção que nos parece oriunda de um pensamento educacional
tecnicista?
Constata-se
um ar, porque não dizer, nostálgico, diante da proposta que surge como aquela
voltada à formação de mão de obra “qualificada” para alimentar o mercado de
trabalho. No entanto, o que se observa, com extrema facilidade, são
características novas para uma história antiga, na medida em que, ao mesmo
tempo em que se estabelece este “novo” conceito educacional, as políticas que
norteiam os contratos trabalhistas, também, sofrem modificações.
No momento em que os
indivíduos, atuando e refletindo, são capazes de perceber o condicionamento de
sua percepção pela estrutura em que se encontram, sua percepção muda, embora
isso não signifique, ainda, a mudança de estrutura. Mas a mudança de percepção
da realidade, que antes era vista como algo imutável, significa para os
indivíduos vê-la como realmente é. (FREIRE,1979, p.50).
Assim
como orienta Paulo Freire, faz-se necessário sempre um olhar crítico sobre o
novo desenho educacional que se deseja implementar na atualidade. Além disto, precisa-se
fazer uma autocrítica levando em consideração que na História da Educação, a
condução ou a mediação humana ganha contornos que se repetem e o educador,
nesta era virtual, passa de professor à reprodutor, em segundos. Como colocado
acima, há o objetivo de formar o Homem, mas qual é o ser humano que se deseja
formar? A partir de qual História e/ou de qual construção social?
Perguntas
precisam ser levantadas e, quem sabe, respondidas, tendo em vista o modelo de
Educação que o neoliberalismo - ou a política moderna, alicerçada em partidos
frágeis, sem tradição - se propõe construir e cuja palavra chave e norteadora
de ações, se destaca, aqui. Seria esta nova proposta, de fato um retorno ao
tecnicismo da década de 70, apenas “adaptado” a uma realidade reivindicada pelo
comportamento do mercado de trabalho na atual conjuntura social e política?
Nesta tendência, considera-se a ideia de “empreendedorismo” ligada à Educação
como uma reedição do tecnicismo. Sendo assim, o que se supõe, a respeito da
configuração da sociedade ou do futuro da Educação, em termos de
desenvolvimento do indivíduo adolescente/jovem, de hoje, no fechamento deste
ciclo de governo?
As teorias de
aprendizagem que fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma
questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar
eficientemente as condições estimuladoras, de modo que o aluno saia da situação
de aprendizagem diferente de como entrou. (LUCKESI,1991, p. 62)
Desta
forma, os pressupostos deste empreendedorismo, ou “tecnerísmo”, inserido no
currículo escolar, e diferente do ensino que moldava o homem para um mercado de
forma a tê-lo como mão de obra barata, voltam-se agora para a preparação deste
homem à produção do seu próprio negócio ou para “organizar eficientemente as
condições estimuladoras” para o seu sucesso. Contudo, este empreendedor não estará
mais vinculado a uma empresa onde construirá uma carreira lançando mão do
discurso de que este sujeito está a se preparar para ser autossuficiente, nesta
engenharia educacional. Na verdade, o que se está a fazer é produzir um modelo revisitado
de construção de mão de obra “qualificada” e barata, à serviço da classe
dominante. Curiosamente, não é difícil perceber que os recursos destinados a esta
nova metodologia são mínimos. Não há custos ao governo. Deste modo, não deveria
ser obrigatório. Por isso, se faz necessário refletir sobre o que ocorre, agora,
nas escolas. Segundo Michel W. Apple:
Enquanto não levarmos
a sério a intensidade do envolvimento da Educação com o mundo real das
alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo
divorciado da realidade (APPLE in SILVA, 2002, p.41)
Ao
debruçar o olhar sobre a questão, entende-se a necessidade de buscar, em uma
tendência pedagógica já conhecida, uma aproximação entre Trabalho/Educação para
compreender melhor como se está construindo a sociedade do Brasil, tendo como
referência a Região Sudeste. A própria
“alternância e relações desiguais de poder” contribuem para a configuração deste
cenário retalhado no qual é fácil encontrar, por exemplo, mais de um tipo de
organização curricular na rede pública de ensino.
É
possível, desta forma, caracterizar, rapidamente, o empreendedorismo como um
método que desconsidera a realidade do aluno/sujeito que não possui recursos. A
escola, a partir do discurso em que apresenta, ao aluno, a possibilidade dele mesmo
empreender, mediante a mudança de comportamento em relação às suas primeiras aspirações,
abre mão de muitas coisas, mas, principalmente, abre mão de desenvolver, no
aluno, o senso crítico em relação à sociedade na qual está inserido para
introduzi-lo em um mercado de trabalho ilusório enfatizando, neste, um
comportamento passivo e acrítico. A proposta diz que o aluno não será um mero
trabalhador, mas um microempresário que, após desenvolver suas competências socioemocionais,
ao final do curso estará preparado para iniciar um negócio, bem como
administrá-lo. Discurso muito adequado para o mundo fake e virtual do qual este
aluno participa como indivíduo, em família e em sociedade. Contudo, a Educação não
está apartada da sociedade. Infelizmente, existem motivos pelos quais este
modelo tem ganhado força nas falas vindas dos espaços virtuais e das mídias
televisivas.
Devem
ser lembradas as modificações que ocorrem no âmbito do trabalho e nas relações
entre empregado e empregador que, também, passaram por transformações radicais,
neste último ano. Fato é que a relação desigual entre emprego/empregado/empregador
permanece, mas, na teoria, o acesso ao mundo dos negócios é para todos. Na
prática, o empreendedor não recebe estímulo econômico nenhum para iniciar seu
negócio. Assim, na medida em que ele também não recebe o estímulo para
ingressar em um curso superior e, como já exposto, não encontra meios para
abrir o seu próprio negócio, o que lhe restará serão as ocupações informais que
não lhe garantirão quaisquer direitos. O subemprego ou o desemprego são, no
mais das vezes, realidades inevitáveis. Neste sentido, molda-se o aluno/sujeito
para uma determinada configuração social, a saber, para não ser, mas para
simplesmente obedecer ao esquema, suportar a existência, desejar o dia do pão e
do circo[4] e esquecer-se da política,
afinal:
Em lugar de sermos
definidos como pessoas que participam da luta para construir e reconstruir nossas
relações educacionais, políticas e econômicas somos definidos como consumidores
(APPLE in SILlVA,2002, p.51).
Pensar
sobre essa relação entre um novo componente curricular e o processo educacional
auxiliará no entendimento, de certa forma, dos movimentos que envolvem as novas
tendências das relações, no mercado de trabalho brasileiro, estabelecidas entre
empregador e empregado. Ao mesmo tempo, colocamos em questão a narrativa
apresentada por aqueles que acreditam no empreendedorismo como a nova tábua de
salvação aos não privilegiados. É curioso se observada a constante falta de
investimentos na área da Educação tanto em relação às verbas públicas como em
relação à valorização salarial do professor – no desenvolvimento e na
progressão de um plano de carreira com incentivos à sua capacitação. Sob a
perspectiva da Filosofia da Educação, este trabalho visa investigar a presença
do empreendedorismo no currículo de escolas públicas a fim de verificar e
identificar seu objetivo e intenção.
Tanto
o tecnicismo do passado quanto o empreendedorismo do presente, parecem
estabelecer a manutenção das desigualdades sociais, fazendo uso do sistema
educacional como meio através do qual se implementa uma engenharia que
acompanha as novas tendências e as lógicas perversas de relacionamento trabalhista
dentro de uma conjuntura neoliberal. Deve-se mencionar aqui, reforçando a ideia
de que o empreendedorismo é o novo tecnicismo, que o aluno inserido no processo
ainda sofre com o pouco acesso ao capital cultural, desde sempre negado ao
pobre e restrito a um grupo específico e privilegiado da sociedade. Como destaca
o professor Jesse Souza:
Alguns desses
pressupostos são invisíveis, mas a maioria é desenvolvida de modo invisível e
pré-refletido desde a tenra infância. È um privilégio muito visível que a
classe média possui capital econômico suficiente para comprar o tempo livre de
seus filhos só para o estudo. Os filhos
das classes populares precisam conciliar estudo e trabalho desde a primeira
adolescência, geralmente a partir de 11 a 12 anos. (SOUZA, 2017, p. 58).
A
citação de Jesse Souza auxilia na compreensão sobre a qual seria o fundamento
para a incorporação desta disciplina (o empreendedorismo) no currículo escolar estadual
tendo, por objetivo, preparar ou formar o aluno para um mundo de relações
trabalhistas flexibilizadas na medida em que as palavras de ordem seriam
autonomia e autogestão.
O
que é perceptível, entre alunos da rede estadual de ensino, é o fato exemplar
das famílias entenderem a escola como o único caminho para seus filhos alcançarem
algo, em termos de oportunidade, no futuro. Há a esperança de que alcancem, através
da mobilidade social, um lugar, no espaço subjetivo da sociedade, que lhes
falta no tempo em que estão. No entanto, como afirmado anteriormente, há um
fator invisível sobre o qual poucos atentam. Trata-se do diferencial social, a
saber, o capital cultural. Este pode ser, especialmente, adquirido em um
ambiente extraescolar ou, como bem coloca Jessé Souza, “pré-escolar”, no
sentido de ser anterior a escola.
O hábito de leitura
dos pais, o estímulo à fantasia por meio de livros, jogos e histórias contadas
pelos pais, a familiaridade com línguas estrangeiras despertada desde cedo,
tudo milita a favor da incorporação pré-reflexiva de uma atitude que valoriza
pressupostos do capital cultural. (SOUZA: 2017, p.58).
Seria
este conhecimento prévio, ofertado pela família ou por contatos externos à
escola, por intermédio da linguagem, que de certa forma introduziriam, no
indivíduo, a capacidade de ousar refletir por conta própria a respeito de si,
do outro e do seu entorno. O que continuadamente se testemunha, como
metodologia e pedagogia escolar, é estritamente a utilização do sistema
educacional para fins instrutivos, técnicos, na medida em que não há uma
reflexão ou discussão aprofundada sobre quaisquer temas, sejam estes complexos
ou simples, quiçá sobre os motivos pelos quais uma ou outra disciplina, tal
como o empreendedorismo, faria parte da grade curricular das escolas públicas.
Há uma contradição, portanto, na ideia de que a escola seria o principal
instrumento para a diminuição das desigualdades sociais diante do fato, real,
de que muito do que há dentro dos ambientes escolares e está presente no dia a
dia dos alunos (assim como o exemplo destacado do empreendedorismo, mais
especificamente), não tem por objetivo instrumentalizar o sujeito para que ele
construa um pensamento crítico sobre a realidade que o cerca e, assim, a
modifique.
Quando
o sujeito não reflete sobre o seu contexto social, ou seja, não é capaz de
fazê-lo, entende-se que ele não tem consciência do próprio sistema do qual faz
parte e no qual precisa agir com responsabilidade como ser autônomo. Como Alice,
no país das maravilhas, o sujeito torna-se o objeto, pois não consegue decidir o
caminho a ser percorrido ou o rumo a ser tomado. Há de se destacar, contudo, que
a presença do empreendedorismo no currículo das instituições de horário integral
do Estado do Rio não é consenso, nem entre alunos nem entre professores. Via de
regra, muitos aceitam passivamente, mas há os que a rejeitam como disciplina
obrigatória. Entretanto, por estarmos diante de uma determinação governamental,
não há espaços para o debate a respeito das consequências ou objetivos desta
disciplina.
É
a partir da investigação da estrutura escolar como instrumento, apenas
formativo, que há de se procurar, então, aprofundar a discussão sobre o empreendedorismo
para pensar, afinal, qual seria o propósito da inclusão desta “disciplina” no
currículo escolar de escolas públicas? Este novo componente curricular vislumbra,
de fato, que o sujeito desenvolva uma autonomia frente à sociedade de consumo?
E que autonomia seria esta? Para qual finalidade?
Partindo
de uma concepção educacional dialógica, aquela que se propõe a olhar os
fenômenos sociais de forma crítica, encontrar-se-á o empreendedorismo como um
elemento imposto e inserido, no processo educacional contemporâneo, não como um
fator emancipador do indivíduo, mas como já sinalizado, um novo tecnicismo ou uma
nova espécie de moldagem para um fim específico dentro da sociedade de consumo.
Basta entender para qual espaço, por quais ou para quais circunstâncias este
sujeito está sendo moldado. Mesmo assim, a questão não é simples e reflete a
conjuntura sob a qual todos os brasileiros estão expostos: uma sociedade que
vive a globalização e onde o indivíduo é lançado, diretamente, na sociedade de
produção. Sociedade, esta, que ainda persiste na manutenção das relações desiguais
em termos de oportunidades e direitos entre os indivíduos demonstrando, desta
forma, que não há um interesse em que as distâncias, em termos de posses e
privilégios, sejam diminuídas. Olhando para esta estrutura educacional, que
está intimamente ligada à formação social, pode-se analisar a permanência destes
privilégios em detrimento da distribuição mais igualitária das riquezas
produzidas, tanto materiais (propriamente econômica, financeira) quanto imateriais
(o que envolve o conhecimento, a arte e a cultura difundidas, o acesso a estes
bens e a forma como estes conhecimentos são sistematizados e implementados
entre a população).
3.2. OBJETIVOS
É por intermédio da
Educação quer geral, quer especial, que se faz esta penetração. Assim é que
cada geração recebe da geração mais velha os preceitos da moral, as regras da
polidez usual, sua língua, seus gostos fundamentais, da mesma forma como cada
trabalhador recebe de seus predecessores as regras de sua técnica profissional.
(MAUSS,1901, p.11/12).
É
preciso abandonar o olhar ingênuo - aquele que ainda acredita na Educação oferecida
exclusivamente pelo currículo escolar como a salvação para todos - e adotar uma
postura crítica e observadora da escola, como parte integrante da sociedade,
responsável, inclusive, pela manutenção das desigualdades entre os homens (não
por ela mesma, mas pelo uso que se faz dos seus serviços para a implementação e
manutenção do “status quo” e de políticas orientadas por interesses conflitantes
com aqueles objetivos preconizados, ao longo dos séculos, pelo grandes mestres
da Educação); é preciso abandonar a crença de que a Educação é a “redentora da
humanidade”. Através de filósofos, cientistas políticos e pedagogos, observa-se,
historicamente, os contornos pelos quais a Educação vem passando e sendo
transformada, ora como poderoso instrumento de manipulação, ora como aparelho
de reprodução dos desejos sociais. O educador, o professor-mediador, neste
imbróglio, tenta se posicionar, conforme nos afirma Gadotti: (...) em confronto com a realidade, o
Educador tenta situar-se, organizar-se decidir os destinos da Educação. A
preocupação com o social e o político o leva a refletir sobre seu papel na
sociedade. (GADOTTI, 2012, p.164/165)
A
necessidade de vasculharmos as relações mais próximas entre educação e mundo do
trabalho, origina-se na percepção do próprio autor desta proposta que tem
testemunhado as mudanças constantes nas políticas públicas educacionais
implementadas nos últimos 10 anos, como tentativas de melhora do processo educacional,
assim como os resultados destas tentativas.
Para entender estas ações, tantas vezes frustradas
e frustrantes do sistema e das mudanças deste sistema no que diz respeito ao
fazer educacional, destaca-se uma imagem que pode auxiliar na compreensão destas
ações. É como colocar um barquinho de papel em um imenso oceano. Este seria
engolido, dissolvido por conta da sua total incapacidade de navegação frente a
sua fragilidade física. Os programas de governo, voltados à educação, sempre
seguem este caminho. Por exemplo, são lançados cursos de capacitação para os
docentes que, por diversas razões, não são continuados. Observa-se, então, o
desgaste junto à classe de professores, nestas mudanças de governos, aliado ao
histórico de desvalorização da educação e dos educadores (traço marcante na
cultura brasileira desde a fundação do sistema educacional)
Fruto
de políticas públicas de valorização do ensino gratuito, pode-se destacar os
Centros Integrados de Educação Pública, os antigos CIEPs, instituídos no
governo de Leonel Brizola, como ideia do educador Darcy Ribeiro, na década de
80. Preconizava-se, através destes centros, um ensino integral, de qualidade,
onde os alunos das classes populares do ensino de base (fundamental), teriam
acesso à arte, à cultura, à alimentação e ao currículo comum. Os docentes que
ministravam nestes centros tinham capacitações semanais com revistas produzidas
especificamente para esta finalidade e recebiam por seus tempos de
planejamento, dentro de uma carga horário de 40 horas. Em 10 anos de existência,
estes centros sofreram um rápido desmonte. Após o abandono do projeto CIEPs, só
restaram os prédios e, mais uma vez, uma política de desvalorização da educação
preconizada por seus idealizadores passando a ser visto como um projeto de
filosofia paternalista e assistencialista, descartável.
Estudar
Filosofia e Sociologia não pode ser projeto, mas uma obrigatoriedade para toda
a sociedade que deseja avançar e se pensar como potência. A reintrodução destas
disciplinas nos currículos escolares das classes populares, depois de quase 30
anos afastadas, foi um passo importante para o Brasil em termos de
desenvolvimento. Como país de terceiro mundo, com dívidas sociais enormes,
desde a instituição da escravidão passando pela abolição da escravatura e pela Ditadura,
nas décadas de 60 e 70, muito custou
à História dar este passo. É importante que lembremos que a ausência destas
matérias se deu, em maior número, nas escolas da rede pública de ensino do
país, enquanto que em muitas unidades privadas, as matérias permaneceram sendo
ministradas ampliando, ainda mais, a distância entre aqueles que viviam a
realidade com uma informação pronta e acabada e aqueles que refletiam sobre esta
realidade ou encontravam, nesta, a possibilidade de desenvolver um outro olhar
sobre o seu próprio contexto. Não é por acaso que, atualmente, assistimos ao
ataque a estas disciplinas, inclusive com a ameaça de encerramento dos cursos nas
universidades, bem como a diminuição das verbas para a manutenção destes
departamentos de humanidades.
3.3.
JUSTIFICATIVA
Baseado em uma visão crítica, este
trabalho procurará discutir a inclusão de uma matéria estranha às matérias
pedagógicas em uma conjuntura de transformações dentro das relações de trabalho,
atuais. A escola, neste sentido, tem papel
fundamental, porque é neste espaço material, e subjetivo, onde pessoas -
indivíduos e sujeitos do tempo - estão produzindo e construindo seu próprio
processo de formação. Estes são os homens e as mulheres que não só ocuparão
postos de trabalho dentro da sociedade, mas que a construirão com seus
pensamentos, seus desejos e suas ações. A escola, como dito anteriormente, não
é o espaço neutro da sociedade. Neste espaço, são, naturalmente, vivenciados os
estímulos e transmitidos ou compartilhados valores e normas. Na escola existe,
em potencial, um exército de mão de obra. Sendo assim, neste sistema
capitalista, no qual o mundo está imerso, não há a possibilidade de uma visão
ingênua da escola ou da educação como salvação do futuro. Este discurso parece
ser usado, justamente, por aqueles que perpetuam o modelo “instrutivo
educacional” de valorização do conteúdo em detrimento da análise crítica da
realidade. O trabalho se justifica, desta forma, por ser parte indissociável de
uma análise crítica a partir de dados concretos e não de hipóteses, apenas.
3.4.
RELEVÂNCIA DO PROBLEMA
O presente projeto se
debruça sobre um objeto de estudo que apresenta uma grande complexidade por se
tratar do relacionamento entre a educação e a sociedade por meio do acesso ao trabalho.
Na verdade, como já mencionado, far-se-á, aqui, o uso de fundamentos teóricos filosóficos para observar e refletir sobre a Educação
como um fenômeno social e um instrumento de transformação, através da qual
todos os seres humanos são convidados a construção de si mesmos.
A
Educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as
pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo
que é comunitário como bem, como trabalho como vida. Ela pode existir imposta
por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o
saber como armas que reforçam a
desigualdade entre os homens, na divisão
dos bens do trabalho, dos direitos e dos símbolos. (BRANDÂO,1987, p.10).
Diante da citação do professor Carlos
Rodrigues Brandão, em O que é Educação,
entende-se a importância do desenvolvimento de um olhar crítico no espaço
estratégico da escola, espaço que o cidadão ocupa como o lugar da formação da sua
cidadania ou aquela, especificamente eleita, como o espaço de uma educação
institucionalizada onde o ensino é hierarquizado. Desta forma, parece que a educação,
considerada formal, apresentará aspectos que, como diz Brandão, usa o saber
como uma arma de controle das massas, o que reforça a desigualdade entre os
homens.
Refletir sobre as relações escolares (entre
um novo componente curricular e o processo educacional, por exemplo) auxiliará
na produção de estudos e reflexões sobre os movimentos que envolvem as novas
tendências das relações humanas, pós-modernas, do mercado de trabalho
brasileiro, estabelecidas entre empregador e empregado. Ao mesmo tempo,
coloca-se, em questão, a narrativa ou o discurso, impregnado de uma filosofia
que favorece a classe dominante, apresentada por aqueles que pregam o
empreendedorismo como a nova tábua de salvação para aqueles que não são
privilegiados relegando e reafirmando, ao pobre, o lugar de invisibilidade.
Tratar desta temática, a fim de discuti-la
na contemporaneidade, é de significativa relevância, pois pretende-se verificar
e analisar os propósitos educacionais da escola pública, para todos, oferecida
pelos governos estaduais às classes populares como alternativa de inclusão no
mundo do trabalho. Destaca-se, aqui, a disciplina empreendedorismo, matéria
atualmente inserida nos currículos das escolas de horário integral do Rio de
Janeiro como uma destas alternativas indicadas. É preciso investigar se, de
fato, esta tentativa - assim como em outros projetos governamentais
descontinuados - levará a classe popular
a se emancipar, considerando-se a realidade do aluno atendido, ou se favorecerá,
ainda de modo mais severo, a condição passiva e acrítica daquele que nada tem,
confirmando sua miséria não só material, mas imaterial, ou seja, promovendo o fortalecimento
das desigualdades de oportunidades, dentro da sociedade onde vive.
4.
METODOLOGIA
Os autores com os quais este trabalho desenvolverá
um caminho teórico apresentam uma visão dialógica e crítica sobre a construção
do sistema educacional brasileiro e sobre as transformações sofridas, ao longo
dos anos, dentro desta estrutura. Sob o ponto de vista filosófico, pensar-se-á sobre
estas estruturas do sistema observando de que modo se estabeleceu o pensamento
elitista, onde se privilegia uma educação de caráter conteudista no lugar de
uma pedagogia humana. A educação a ser valorizada, deveria ser aquela
entremeada pelo conhecimento entendido como parte de um conjunto de valores que
o indivíduo já carrega consigo e o desenvolve nestes espaços materiais ou
imateriais, da escola e da vida, a partir das suas experiências no mundo a fim
de ser, de modo pleno, um cidadão autônomo, sujeito da sua própria história.
Para tanto, recorrer-se-á aos argumentos
dos autores já mencionados nas citações realizadas, a saber, Paulo Freire,
pedagogo da concepção dialógica da educação,
autor de obras voltadas para a ideia de Educação que preconiza o
desenvolvimento da autonomia do sujeito a partir de suas próprias experiências; Carlos Rodrigues Brandão, tributário
de Paulo Freire, que analisa a Educação e sua relação com o sistema econômico;
Demerval Saviani, filósofo da Filosofia da Educação, cujo cabedal teórico auxiliará
no entendimento da História da Educação e dos rumos do “neotecnicismo”(
“metodologia” incorporada na Educação como uma “pedagogia corporativa”, voltada
para as atuais mudanças de cenário entre Educação e Trabalho); o Professor Jesse
Souza, sociólogo da atualidade que nos revelará mais sobre as estruturas socioeconômicas
brasileiras contribuindo para esclarecimentos importantes sobre o pensamento
pedagógico a ser percorrido neste trabalho. E, por último, mas não menos
importante, Moacir Gadotti pesquisador da Ciência da Educação. Este trará luz
sobre as reflexões que, aqui, serão realizadas sobre a questão da Educação do
ponto de vista mercadológico e dentro do sistema econômico capitalista.
As concepções ideológicas sobre as quais a
Educação brasileira está fundada, até a atual conjuntura, nos levam a crer que
não houve mudanças significativas nos parâmetros pedagógicos que norteiam as
políticas públicas voltadas para as ações que, cotidianamente, são
implementadas nas escolas. Hoje, mais especificamente, assistimos à retomada de
uma ideia, que nos anos 80 foi pensada e sonhada por Darcy Ribeiro e Leonel
Brizola no projeto da escola de horário integral, mas com a grande diferença
invisível: um retorno à concepção tecnicista, com o acréscimo de algumas novas
características. Estas novas características, serão analisadas a partir dos
autores, aqui, listados.
Para comprovação do estudo relacionado ao
tema, pretende-se, ainda, realizar uma pesquisa de campo a fim de coletar dados
relevantes a respeito das questões levantadas no ponto 3.1, desta proposta.
Pretende-se que estas questões, tais como, “De onde falo?”, “Para quem falo?”,
“A quem se destina?”, “Para que existo?” ou “A que tipo de ser humano
destina-se, então, a concepção empreendedora?”, relacionadas à escola que já
existe e sobre as pessoas a quem a escola se destina e com quais propósitos,
sejam direcionadas a um grupo de alunos e a um grupo de pais e/ou
representantes. A coleta destes dados terá, como referência, o CEBRIC, Colégio
Estadual Brigadeiro Castrioto, no Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, colégio
de horário integral e de referência onde o empreendedorismo é a disciplina foco
a fim de se observar a relevância ou a irrelevância da proposta disciplinar
para o estudante da classe popular.
5.
REFERÊNCIAS
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Rodrigues. O que é Educação.
Brasiliense, 1987.
CIAVATTA. REIS
(ORGs.) A pesquisa histórica em Trabalho e Educação.
Brasília: Liber Livro Editora, 2010. ( p.120 -153)
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Souza. O que é ideologia. Rio de Janeiro: Brasiliense,1980.
______________Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Àtica, 1995.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Crise da sociabilidade do capital e a
produção do
Conhecimento. RJ Seminário de pesquisa IV,2009.
(p.91-103)
________________Trabalho e Políticas Públicas de Educação,
RJ Seminário
De pesquisa, 2006. (p.12 – 24).
FREIRE. Paulo. Educação como prática da liberdade, RJ:
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____________Educação e Mudança. RJ: Paz e terra,
1979.
____________Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da Educação. SP: Cortez, 2012.
_______________Pensamento Pedagógico Brasileiro. SP:
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GALLO, Silvio. Filosofia. Experiência do pensamento.
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LUCKESI, Cipriano
Carlos. Filosofia da Educação. SP:
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Sartori. Filosofia da Educação. RJ:
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SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. Campinas SP:
Autores associados
2009.
_______História das ideias pedagógicas no Brasil. SP:
Autores Associados,2011
___Educação: do senso comum à consciência filosófica. Campinas SP:
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Associados, 1986.
SILVA, Tadeu da
(orgs,). Currículo, Cultura e Sociedade. SP: Ed. Cortez, 2002.
SOUZA, Jesse. A elite do atraso (da escravidão a lava jato).
SP: LEYA,2017.
SPANOUDIS, Solon.
Heidegger. Todos e Ninguém. SP: Moraes, 1981.
[1]
Designação apresentada por Jesse Souza em A
Elite do Atraso, p. 58.
[2]
Expressão que faz referência ao pensamento de Paulo Freire ao designar a
Educação que valoriza os saberes do indivíduo.
[3] Sociólogo
e Filósofo francês.
[4]
Panem et circenses- foi uma política
desenvolvida durante a República romana até a metade do século XX. Pesquisadores
e historiadores acreditavam que essa política havia sido criada como medida de
manipulação das massas.