terça-feira, 7 de maio de 2019

Relação entre Educação e Trabalho


INTRODUÇÂO
            O presente trabalho procura investigar, sob uma perspectiva da Filosofia da Educação, princípios que relacionem Trabalho e Educação, na medida em que entendemos que a Educação é indissociável do processo de construção da realidade social - individual e coletiva. A realidade social apresenta desafios, diários e constantes, relacionados, diretamente, ao mundo do trabalho. Especificamente, ao tratar da Educação, muitos estudiosos do tema apresentam a importância deste sistema como aquele responsável por desempenhar papel determinante e articulador ativo - por sua estrutura alicerçada em formatos e modelos - através de currículos e metodologias, que representa um futuro possível e palpável ao indivíduo, por meio do que se entende como organização social através da implementação de programas diversos. Aqui, a proposta é pensar sobre o objetivo de programas formais - que avançam ou são paralisados por governos distintos - por sabermos que a Educação é um poderoso instrumento de compartilhamento de valores e de normas promovendo, ou não, a igualdade de oportunidades e de direitos. Deste modo, o status quo da Educação pode tanto contribuir para o desenvolvimento do senso crítico do indivíduo quanto para a manutenção dos mais diversificados aspectos relacionados às desigualdades sociais, em suas mais variadas concepções.
            O sistema educacional brasileiro, recorrentemente, sofre com as inúmeras intercorrências políticas e econômicas promovidas pelas mudanças dos governos. O que parece acontecer, de fato, é a manutenção de uma lógica implícita, mas revelada pela utilização do sistema como um meio de produção de mão de obra barata (a partir do “uso” das classes populares), ainda que se possa observar uma outra Educação voltada para um grupo da sociedade cujo acesso, desde às informações “pré-escolares”[1], acontece de modo eficiente e ininterrupto. Neste aspecto, fecha-se os olhos para o pouco investimento em políticas voltadas para a melhoria do ensino gratuito. A tão desejada universalização do ensino não se dá como os governos a preconizam, de modo continuado.
            O tema apresenta grande complexidade, pois ainda que existam programas formais instituídos que promovam o caráter dialógico[2] e progressista na maneira e nos modos de ministração das aulas, encontramos, em pleno século XXI, a resistência às mudanças tanto da parte da população, como um todo, como de parte do próprio corpo docente, tal o seu condicionamento ao modus operandi que, por décadas, foi fortalecido e imposto como regra e praticado, nas escolas, bem como o caráter cultural de desprestígio, aclamado pelos governos e pela cultura popular, sobre a classe docente junto à sociedade.
O governo perdeu a legitimidade de todas as propostas porque não usa do consenso para elaborá-las. Ao contrário, utiliza-se da força para impô-las. Perdeu o apoio de estudantes e professores. O caráter, autoritário e antipopular, de suas iniciativas acabaram por dissolver completamente a pouca credibilidade que tinha diante dos educadores. (GADOTTI, 2012, p.185).

            Uma Educação dialógica apresenta possibilidades maiores de fugir das imposições governamentais que, via de regra, são norteadas por outros interesses que não estão vinculados às reais necessidades de uma maioria. Neste sentido, observa-se a recente incorporação de uma disciplina, no currículo escolar do Ensino Médio, totalmente estranha ao corpo de matérias pedagógicas presentes na maior parte dos currículos básicos das escolas do Brasil: o empreendedorismo. O novo componente curricular, como é conhecido, foi inicialmente inserido nos currículos das escolas públicas e particulares no ano de 2017, como uma solução educacional inovadora, mas que reflete o uso de uma fórmula antiga a fim de reimplantar um pensamento utilitário, não muito distante do pensamento tecnicista, apregoado entre os anos de 1970 e 1978 pelos governos militares. Parece que ser empreendedor tornou-se a palavra de ordem do Brasil na contemporaneidade, especialmente, na Região Sudeste. 
Predomina a mentalidade da escola-empresa. Como empresa ele deve atingir certos objetivos através de certos meios. Existem padrões burocráticos a serem alcançados, se o educador não consegue alcança-los, isso é atribuído a má administração ou a não aplicação das técnicas mais modernas. Todo funcionamento da escola é medido em função dos resultados obtidos, confundidos normalmente com o preenchimento de todos os requisitos burocráticos. Interessa apenas a quantidade, a execução rigorosa do planejamento, a disciplina instaurada, o cumprimento a dos horários. (GADOTTI,2012, p.185)        

            Curiosamente, o empreendedorismo é uma matéria cujo objetivo é fazer com que o aluno desenvolva habilidades pessoais, necessárias para vida, além das que o currículo básico apresenta. A pergunta que se faz é: as disciplinas existentes em uma escola de horário integral, por exemplo, não seriam suficientes para este preparo? Nas escolas de referência, por exemplo, o currículo do Ensino Médio Integral contempla, entre outras novidades, a disciplina de Projeto de Vida, o PV ou PVC, núcleo articulador responsável por mediar o desenvolvimento destas mesmas premissas com o foco nas competências sócio emocionais. Ao tentar responder à questão, começamos a refletir sobre a real importância do empreendedorismo dentro de um currículo escolar e as razões pelas quais esta matéria teria sido introduzida, neste tempo, nos currículos escolares do Ensino Médio como disciplina técnico-profissionalizante, frente a uma população pobre, ou seja, sem recursos. Procuraremos, então, investigar de que forma este componente, na verdade, pode ser pensado como um novo tecnicismo tendo em vista o caráter instrutivo do componente curricular.
A fim de refletirmos a respeito dos termos vinculados, a saber, o empreendedorismo e o tecnicismo, cunhou-se, a partir da interligação destas duas palavras, outro termo, a saber, a expressão “tecnerísmo”, neologismo através do qual serão trabalhadas as ideias desenvolvidas, nesta proposta, sobre este que seria um “novo método”. O “tecnerísmo” seria um tecnicismo revestido de uma “novidade”, somente de aparência remodelada, cujo contexto revela o velho pensamento utilitário, em que o aluno sairá do curso capacitado a desenvolver e administrar seu próprio negócio. Sabemos que esta não é a realidade dos alunos, especificamente, da escola pública, muito menos a curto prazo, pois entendemos a Educação não como um processo instrutivo tal qual nos parece ser a proposta empreendedora, mas como uma ferramenta para a leitura do mundo a proporcionar autonomia necessária para fazer suas próprias escolhas. Sendo assim, este estudo se propõe a debruçar-se sobre os aspectos filosóficos e, em alguns momentos, sociológicos que o tema faz aflorar dada a sua complexidade e a sua atualidade.                              

3.1. QUESTÕES DE PESQUISA.
Se, em verdade, substituímos a educação pela instrução, é a segunda e não a primeira que nos temos remetido em nossas discussões; é com a instrução que nos temos preocupado. Tal situação acaba de dirimir, de uma vez por todas, a questão educacional que imaginávamos refletir. Além disso ela nos vem denunciar que nossa contemporaneidade não tem espaço para a educação, mas só para a instrumentação. (CRITELLI in SPANOUDIS,1981, p.64)    

Durante anos, o sistema educacional tem sido vítima da descontinuidade das políticas públicas, pois estas se revezam de acordo com quem está no poder. Algumas iniciativas perduram um pouco, outras menos, entretanto, via de regra, é a descontinuidade e a desestruturação dos planos desenhados para uma pretensa melhora no desenvolvimento da Educação que prevalecem.
As falas e os discursos que sempre ouvimos, giram em torno da ideia de que a Educação é a saída para as mazelas do país.  Ao mesmo tempo, contraditoriamente, assistimos à implementação de projetos metodológicos educacionais que não resistem às mudanças de governo. Os motivos pelos quais as metodologias não encontram sucesso ao serem implementadas estão relacionados, de certa forma, a uma resistência em emancipar a população com uma educação de qualidade - que, realmente, desenvolva o senso crítico a partir de disciplinas como a Filosofia e a Sociologia, reintroduzidas, muito recentemente (2008/2010), no currículo escolar - assim como ao descaso do sistema com as políticas públicas. Quanto ao primeiro motivo citado, observa-se que a reintrodução de matérias como a Filosofia e a Sociologia no currículo comum das escolas públicas, é resultado de uma luta da sociedade civil, através de organizações não governamentais, que, na época, entenderam como uma necessidade do homem contemporâneo, diante de um mundo cada vez mais complexo e tecnológico, refletir, pensar e questionar sobre as modernas ou pós-modernas relações humanas criadas dos media - termo cunhado por Jean Baudrillard[3] para sinalizar a massificação dos meios de comunicação - e da globalização que se apresenta, hoje.
As ciências humanas, principalmente a Filosofia, auxiliam na prospecção e na compreensão de todas as demais disciplinas, assim como as conduzem aos seus tempos imediatos quando questionam, explicam e/ou exemplificam, tendo em vista sermos, todos, frutos de uma era devastada, tanto na esfera política quanto na histórica, pela virtualidade. Na era das fake news, novidade é se revestir de verdade. Em 2019, ainda se discute qual seria a melhor maneira de ministrar Filosofia em uma sala de aula, pois suas especificidades e sua amplitude são pontos a serem observados.
O presente trabalho se propõe, deste modo, a debater a Educação, pelo viés filosófico, ou seja, propor a análise da escola de hoje, pública, oferecida pelo Estado ao pobre - dentro da atual política neoliberal - como alternativa de inclusão no mundo do trabalho pela disciplina empreendedorismo, matéria atualmente inserida nos currículos das escolas de horário integral do Rio de Janeiro. Investigar-se-á se, de fato, esta disciplina seria a mola emancipadora do indivíduo para este tempo, a fim de torná-lo autônomo em suas demandas, considerando-se a realidade do aluno atendido. Questões tais como, “De onde falo?”, “Para quem falo?”, “A quem se destina?”, “Para que existo?”, precisam ser questões a serem respondidas, neste trabalho, de modo claro e simples; questões sobre a escola que já existe e sobre as pessoas a quem a escola se destina e com quais propósitos. Como nos diz Demerval Saviani,
Uma visão histórica da Educação mostra como esta esteve sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes épocas (SAVIANI, 1986, p.39)

Hoje, a palavra que mais ouvimos entre aqueles que pensam a “engenharia educacional” é a empreender. Sendo assim, perguntas devem ser levantadas: A que tipo de ser humano destina-se, então, a concepção empreendedora? E quais são os fatores que alimentam esta concepção que nos parece oriunda de um pensamento educacional tecnicista?
Constata-se um ar, porque não dizer, nostálgico, diante da proposta que surge como aquela voltada à formação de mão de obra “qualificada” para alimentar o mercado de trabalho. No entanto, o que se observa, com extrema facilidade, são características novas para uma história antiga, na medida em que, ao mesmo tempo em que se estabelece este “novo” conceito educacional, as políticas que norteiam os contratos trabalhistas, também, sofrem modificações.
No momento em que os indivíduos, atuando e refletindo, são capazes de perceber o condicionamento de sua percepção pela estrutura em que se encontram, sua percepção muda, embora isso não signifique, ainda, a mudança de estrutura. Mas a mudança de percepção da realidade, que antes era vista como algo imutável, significa para os indivíduos vê-la como realmente é. (FREIRE,1979, p.50).

Assim como orienta Paulo Freire, faz-se necessário sempre um olhar crítico sobre o novo desenho educacional que se deseja implementar na atualidade. Além disto, precisa-se fazer uma autocrítica levando em consideração que na História da Educação, a condução ou a mediação humana ganha contornos que se repetem e o educador, nesta era virtual, passa de professor à reprodutor, em segundos. Como colocado acima, há o objetivo de formar o Homem, mas qual é o ser humano que se deseja formar? A partir de qual História e/ou de qual construção social?  
Perguntas precisam ser levantadas e, quem sabe, respondidas, tendo em vista o modelo de Educação que o neoliberalismo - ou a política moderna, alicerçada em partidos frágeis, sem tradição - se propõe construir e cuja palavra chave e norteadora de ações, se destaca, aqui. Seria esta nova proposta, de fato um retorno ao tecnicismo da década de 70, apenas “adaptado” a uma realidade reivindicada pelo comportamento do mercado de trabalho na atual conjuntura social e política? Nesta tendência, considera-se a ideia de “empreendedorismo” ligada à Educação como uma reedição do tecnicismo. Sendo assim, o que se supõe, a respeito da configuração da sociedade ou do futuro da Educação, em termos de desenvolvimento do indivíduo adolescente/jovem, de hoje, no fechamento deste ciclo de governo? 
As teorias de aprendizagem que fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou. (LUCKESI,1991, p. 62)

Desta forma, os pressupostos deste empreendedorismo, ou “tecnerísmo”, inserido no currículo escolar, e diferente do ensino que moldava o homem para um mercado de forma a tê-lo como mão de obra barata, voltam-se agora para a preparação deste homem à produção do seu próprio negócio ou para “organizar eficientemente as condições estimuladoras” para o seu sucesso. Contudo, este empreendedor não estará mais vinculado a uma empresa onde construirá uma carreira lançando mão do discurso de que este sujeito está a se preparar para ser autossuficiente, nesta engenharia educacional. Na verdade, o que se está a fazer é produzir um modelo revisitado de construção de mão de obra “qualificada” e barata, à serviço da classe dominante. Curiosamente, não é difícil perceber que os recursos destinados a esta nova metodologia são mínimos. Não há custos ao governo. Deste modo, não deveria ser obrigatório. Por isso, se faz necessário refletir sobre o que ocorre, agora, nas escolas. Segundo Michel W. Apple:   

Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da Educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade (APPLE in SILVA, 2002, p.41)

Ao debruçar o olhar sobre a questão, entende-se a necessidade de buscar, em uma tendência pedagógica já conhecida, uma aproximação entre Trabalho/Educação para compreender melhor como se está construindo a sociedade do Brasil, tendo como referência a Região Sudeste.  A própria “alternância e relações desiguais de poder” contribuem para a configuração deste cenário retalhado no qual é fácil encontrar, por exemplo, mais de um tipo de organização curricular na rede pública de ensino.
É possível, desta forma, caracterizar, rapidamente, o empreendedorismo como um método que desconsidera a realidade do aluno/sujeito que não possui recursos. A escola, a partir do discurso em que apresenta, ao aluno, a possibilidade dele mesmo empreender, mediante a mudança de comportamento em relação às suas primeiras aspirações, abre mão de muitas coisas, mas, principalmente, abre mão de desenvolver, no aluno, o senso crítico em relação à sociedade na qual está inserido para introduzi-lo em um mercado de trabalho ilusório enfatizando, neste, um comportamento passivo e acrítico. A proposta diz que o aluno não será um mero trabalhador, mas um microempresário que, após desenvolver suas competências socioemocionais, ao final do curso estará preparado para iniciar um negócio, bem como administrá-lo. Discurso muito adequado para o mundo fake e virtual do qual este aluno participa como indivíduo, em família e em sociedade. Contudo, a Educação não está apartada da sociedade. Infelizmente, existem motivos pelos quais este modelo tem ganhado força nas falas vindas dos espaços virtuais e das mídias televisivas.
Devem ser lembradas as modificações que ocorrem no âmbito do trabalho e nas relações entre empregado e empregador que, também, passaram por transformações radicais, neste último ano. Fato é que a relação desigual entre emprego/empregado/empregador permanece, mas, na teoria, o acesso ao mundo dos negócios é para todos. Na prática, o empreendedor não recebe estímulo econômico nenhum para iniciar seu negócio. Assim, na medida em que ele também não recebe o estímulo para ingressar em um curso superior e, como já exposto, não encontra meios para abrir o seu próprio negócio, o que lhe restará serão as ocupações informais que não lhe garantirão quaisquer direitos. O subemprego ou o desemprego são, no mais das vezes, realidades inevitáveis. Neste sentido, molda-se o aluno/sujeito para uma determinada configuração social, a saber, para não ser, mas para simplesmente obedecer ao esquema, suportar a existência, desejar o dia do pão e do circo[4] e esquecer-se da política, afinal:
Em lugar de sermos definidos como pessoas que participam da luta para construir e reconstruir nossas relações educacionais, políticas e econômicas somos definidos como consumidores (APPLE in SILlVA,2002, p.51).

Pensar sobre essa relação entre um novo componente curricular e o processo educacional auxiliará no entendimento, de certa forma, dos movimentos que envolvem as novas tendências das relações, no mercado de trabalho brasileiro, estabelecidas entre empregador e empregado. Ao mesmo tempo, colocamos em questão a narrativa apresentada por aqueles que acreditam no empreendedorismo como a nova tábua de salvação aos não privilegiados. É curioso se observada a constante falta de investimentos na área da Educação tanto em relação às verbas públicas como em relação à valorização salarial do professor – no desenvolvimento e na progressão de um plano de carreira com incentivos à sua capacitação. Sob a perspectiva da Filosofia da Educação, este trabalho visa investigar a presença do empreendedorismo no currículo de escolas públicas a fim de verificar e identificar seu objetivo e intenção. 
Tanto o tecnicismo do passado quanto o empreendedorismo do presente, parecem estabelecer a manutenção das desigualdades sociais, fazendo uso do sistema educacional como meio através do qual se implementa uma engenharia que acompanha as novas tendências e as lógicas perversas de relacionamento trabalhista dentro de uma conjuntura neoliberal. Deve-se mencionar aqui, reforçando a ideia de que o empreendedorismo é o novo tecnicismo, que o aluno inserido no processo ainda sofre com o pouco acesso ao capital cultural, desde sempre negado ao pobre e restrito a um grupo específico e privilegiado da sociedade. Como destaca o professor Jesse Souza:
Alguns desses pressupostos são invisíveis, mas a maioria é desenvolvida de modo invisível e pré-refletido desde a tenra infância. È um privilégio muito visível que a classe média possui capital econômico suficiente para comprar o tempo livre de seus filhos só para o estudo.  Os filhos das classes populares precisam conciliar estudo e trabalho desde a primeira adolescência, geralmente a partir de 11 a 12 anos. (SOUZA, 2017, p. 58).

A citação de Jesse Souza auxilia na compreensão sobre a qual seria o fundamento para a incorporação desta disciplina (o empreendedorismo) no currículo escolar estadual tendo, por objetivo, preparar ou formar o aluno para um mundo de relações trabalhistas flexibilizadas na medida em que as palavras de ordem seriam autonomia e autogestão.
O que é perceptível, entre alunos da rede estadual de ensino, é o fato exemplar das famílias entenderem a escola como o único caminho para seus filhos alcançarem algo, em termos de oportunidade, no futuro. Há a esperança de que alcancem, através da mobilidade social, um lugar, no espaço subjetivo da sociedade, que lhes falta no tempo em que estão. No entanto, como afirmado anteriormente, há um fator invisível sobre o qual poucos atentam. Trata-se do diferencial social, a saber, o capital cultural. Este pode ser, especialmente, adquirido em um ambiente extraescolar ou, como bem coloca Jessé Souza, “pré-escolar”, no sentido de ser anterior a escola.

O hábito de leitura dos pais, o estímulo à fantasia por meio de livros, jogos e histórias contadas pelos pais, a familiaridade com línguas estrangeiras despertada desde cedo, tudo milita a favor da incorporação pré-reflexiva de uma atitude que valoriza pressupostos do capital cultural. (SOUZA: 2017, p.58).

Seria este conhecimento prévio, ofertado pela família ou por contatos externos à escola, por intermédio da linguagem, que de certa forma introduziriam, no indivíduo, a capacidade de ousar refletir por conta própria a respeito de si, do outro e do seu entorno. O que continuadamente se testemunha, como metodologia e pedagogia escolar, é estritamente a utilização do sistema educacional para fins instrutivos, técnicos, na medida em que não há uma reflexão ou discussão aprofundada sobre quaisquer temas, sejam estes complexos ou simples, quiçá sobre os motivos pelos quais uma ou outra disciplina, tal como o empreendedorismo, faria parte da grade curricular das escolas públicas. Há uma contradição, portanto, na ideia de que a escola seria o principal instrumento para a diminuição das desigualdades sociais diante do fato, real, de que muito do que há dentro dos ambientes escolares e está presente no dia a dia dos alunos (assim como o exemplo destacado do empreendedorismo, mais especificamente), não tem por objetivo instrumentalizar o sujeito para que ele construa um pensamento crítico sobre a realidade que o cerca e, assim, a modifique.
Quando o sujeito não reflete sobre o seu contexto social, ou seja, não é capaz de fazê-lo, entende-se que ele não tem consciência do próprio sistema do qual faz parte e no qual precisa agir com responsabilidade como ser autônomo. Como Alice, no país das maravilhas, o sujeito torna-se o objeto, pois não consegue decidir o caminho a ser percorrido ou o rumo a ser tomado. Há de se destacar, contudo, que a presença do empreendedorismo no currículo das instituições de horário integral do Estado do Rio não é consenso, nem entre alunos nem entre professores. Via de regra, muitos aceitam passivamente, mas há os que a rejeitam como disciplina obrigatória. Entretanto, por estarmos diante de uma determinação governamental, não há espaços para o debate a respeito das consequências ou objetivos desta disciplina.
É a partir da investigação da estrutura escolar como instrumento, apenas formativo, que há de se procurar, então, aprofundar a discussão sobre o empreendedorismo para pensar, afinal, qual seria o propósito da inclusão desta “disciplina” no currículo escolar de escolas públicas? Este novo componente curricular vislumbra, de fato, que o sujeito desenvolva uma autonomia frente à sociedade de consumo? E que autonomia seria esta? Para qual finalidade?
Partindo de uma concepção educacional dialógica, aquela que se propõe a olhar os fenômenos sociais de forma crítica, encontrar-se-á o empreendedorismo como um elemento imposto e inserido, no processo educacional contemporâneo, não como um fator emancipador do indivíduo, mas como já sinalizado, um novo tecnicismo ou uma nova espécie de moldagem para um fim específico dentro da sociedade de consumo. Basta entender para qual espaço, por quais ou para quais circunstâncias este sujeito está sendo moldado. Mesmo assim, a questão não é simples e reflete a conjuntura sob a qual todos os brasileiros estão expostos: uma sociedade que vive a globalização e onde o indivíduo é lançado, diretamente, na sociedade de produção. Sociedade, esta, que ainda persiste na manutenção das relações desiguais em termos de oportunidades e direitos entre os indivíduos demonstrando, desta forma, que não há um interesse em que as distâncias, em termos de posses e privilégios, sejam diminuídas. Olhando para esta estrutura educacional, que está intimamente ligada à formação social, pode-se analisar a permanência destes privilégios em detrimento da distribuição mais igualitária das riquezas produzidas, tanto materiais (propriamente econômica, financeira) quanto imateriais (o que envolve o conhecimento, a arte e a cultura difundidas, o acesso a estes bens e a forma como estes conhecimentos são sistematizados e implementados entre a população).

3.2. OBJETIVOS

É por intermédio da Educação quer geral, quer especial, que se faz esta penetração. Assim é que cada geração recebe da geração mais velha os preceitos da moral, as regras da polidez usual, sua língua, seus gostos fundamentais, da mesma forma como cada trabalhador recebe de seus predecessores as regras de sua técnica profissional. (MAUSS,1901, p.11/12).

É preciso abandonar o olhar ingênuo - aquele que ainda acredita na Educação oferecida exclusivamente pelo currículo escolar como a salvação para todos - e adotar uma postura crítica e observadora da escola, como parte integrante da sociedade, responsável, inclusive, pela manutenção das desigualdades entre os homens (não por ela mesma, mas pelo uso que se faz dos seus serviços para a implementação e manutenção do “status quo” e de políticas orientadas por interesses conflitantes com aqueles objetivos preconizados, ao longo dos séculos, pelo grandes mestres da Educação); é preciso abandonar a crença de que a Educação é a “redentora da humanidade”. Através de filósofos, cientistas políticos e pedagogos, observa-se, historicamente, os contornos pelos quais a Educação vem passando e sendo transformada, ora como poderoso instrumento de manipulação, ora como aparelho de reprodução dos desejos sociais. O educador, o professor-mediador, neste imbróglio, tenta se posicionar, conforme nos afirma Gadotti: (...) em confronto com a realidade, o Educador tenta situar-se, organizar-se decidir os destinos da Educação. A preocupação com o social e o político o leva a refletir sobre seu papel na sociedade. (GADOTTI, 2012, p.164/165)          
A necessidade de vasculharmos as relações mais próximas entre educação e mundo do trabalho, origina-se na percepção do próprio autor desta proposta que tem testemunhado as mudanças constantes nas políticas públicas educacionais implementadas nos últimos 10 anos, como tentativas de melhora do processo educacional, assim como os resultados destas tentativas.
 Para entender estas ações, tantas vezes frustradas e frustrantes do sistema e das mudanças deste sistema no que diz respeito ao fazer educacional, destaca-se uma imagem que pode auxiliar na compreensão destas ações. É como colocar um barquinho de papel em um imenso oceano. Este seria engolido, dissolvido por conta da sua total incapacidade de navegação frente a sua fragilidade física. Os programas de governo, voltados à educação, sempre seguem este caminho. Por exemplo, são lançados cursos de capacitação para os docentes que, por diversas razões, não são continuados. Observa-se, então, o desgaste junto à classe de professores, nestas mudanças de governos, aliado ao histórico de desvalorização da educação e dos educadores (traço marcante na cultura brasileira desde a fundação do sistema educacional)  
Fruto de políticas públicas de valorização do ensino gratuito, pode-se destacar os Centros Integrados de Educação Pública, os antigos CIEPs, instituídos no governo de Leonel Brizola, como ideia do educador Darcy Ribeiro, na década de 80. Preconizava-se, através destes centros, um ensino integral, de qualidade, onde os alunos das classes populares do ensino de base (fundamental), teriam acesso à arte, à cultura, à alimentação e ao currículo comum. Os docentes que ministravam nestes centros tinham capacitações semanais com revistas produzidas especificamente para esta finalidade e recebiam por seus tempos de planejamento, dentro de uma carga horário de 40 horas. Em 10 anos de existência, estes centros sofreram um rápido desmonte. Após o abandono do projeto CIEPs, só restaram os prédios e, mais uma vez, uma política de desvalorização da educação preconizada por seus idealizadores passando a ser visto como um projeto de filosofia paternalista e assistencialista, descartável.
Estudar Filosofia e Sociologia não pode ser projeto, mas uma obrigatoriedade para toda a sociedade que deseja avançar e se pensar como potência. A reintrodução destas disciplinas nos currículos escolares das classes populares, depois de quase 30 anos afastadas, foi um passo importante para o Brasil em termos de desenvolvimento. Como país de terceiro mundo, com dívidas sociais enormes, desde a instituição da escravidão passando pela abolição da escravatura e pela Ditadura, nas décadas de 60 e 70, muito custou à História dar este passo. É importante que lembremos que a ausência destas matérias se deu, em maior número, nas escolas da rede pública de ensino do país, enquanto que em muitas unidades privadas, as matérias permaneceram sendo ministradas ampliando, ainda mais, a distância entre aqueles que viviam a realidade com uma informação pronta e acabada e aqueles que refletiam sobre esta realidade ou encontravam, nesta, a possibilidade de desenvolver um outro olhar sobre o seu próprio contexto. Não é por acaso que, atualmente, assistimos ao ataque a estas disciplinas, inclusive com a ameaça de encerramento dos cursos nas universidades, bem como a diminuição das verbas para a manutenção destes departamentos de humanidades.

3.3. JUSTIFICATIVA
Baseado em uma visão crítica, este trabalho procurará discutir a inclusão de uma matéria estranha às matérias pedagógicas em uma conjuntura de transformações dentro das relações de trabalho, atuais.  A escola, neste sentido, tem papel fundamental, porque é neste espaço material, e subjetivo, onde pessoas - indivíduos e sujeitos do tempo - estão produzindo e construindo seu próprio processo de formação. Estes são os homens e as mulheres que não só ocuparão postos de trabalho dentro da sociedade, mas que a construirão com seus pensamentos, seus desejos e suas ações. A escola, como dito anteriormente, não é o espaço neutro da sociedade. Neste espaço, são, naturalmente, vivenciados os estímulos e transmitidos ou compartilhados valores e normas. Na escola existe, em potencial, um exército de mão de obra. Sendo assim, neste sistema capitalista, no qual o mundo está imerso, não há a possibilidade de uma visão ingênua da escola ou da educação como salvação do futuro. Este discurso parece ser usado, justamente, por aqueles que perpetuam o modelo “instrutivo educacional” de valorização do conteúdo em detrimento da análise crítica da realidade. O trabalho se justifica, desta forma, por ser parte indissociável de uma análise crítica a partir de dados concretos e não de hipóteses, apenas.

3.4. RELEVÂNCIA DO PROBLEMA
 O presente projeto se debruça sobre um objeto de estudo que apresenta uma grande complexidade por se tratar do relacionamento entre a educação e a sociedade por meio do acesso ao trabalho. Na verdade, como já mencionado, far-se-á, aqui, o uso de fundamentos teóricos filosóficos para observar e refletir sobre a Educação como um fenômeno social e um instrumento de transformação, através da qual todos os seres humanos são convidados a construção de si mesmos.
A Educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens do trabalho, dos direitos e dos símbolos. (BRANDÂO,1987, p.10).
            
Diante da citação do professor Carlos Rodrigues Brandão, em O que é Educação, entende-se a importância do desenvolvimento de um olhar crítico no espaço estratégico da escola, espaço que o cidadão ocupa como o lugar da formação da sua cidadania ou aquela, especificamente eleita, como o espaço de uma educação institucionalizada onde o ensino é hierarquizado. Desta forma, parece que a educação, considerada formal, apresentará aspectos que, como diz Brandão, usa o saber como uma arma de controle das massas, o que reforça a desigualdade entre os homens.
Refletir sobre as relações escolares (entre um novo componente curricular e o processo educacional, por exemplo) auxiliará na produção de estudos e reflexões sobre os movimentos que envolvem as novas tendências das relações humanas, pós-modernas, do mercado de trabalho brasileiro, estabelecidas entre empregador e empregado. Ao mesmo tempo, coloca-se, em questão, a narrativa ou o discurso, impregnado de uma filosofia que favorece a classe dominante, apresentada por aqueles que pregam o empreendedorismo como a nova tábua de salvação para aqueles que não são privilegiados relegando e reafirmando, ao pobre, o lugar de invisibilidade.
Tratar desta temática, a fim de discuti-la na contemporaneidade, é de significativa relevância, pois pretende-se verificar e analisar os propósitos educacionais da escola pública, para todos, oferecida pelos governos estaduais às classes populares como alternativa de inclusão no mundo do trabalho. Destaca-se, aqui, a disciplina empreendedorismo, matéria atualmente inserida nos currículos das escolas de horário integral do Rio de Janeiro como uma destas alternativas indicadas. É preciso investigar se, de fato, esta tentativa - assim como em outros projetos governamentais descontinuados -  levará a classe popular a se emancipar, considerando-se a realidade do aluno atendido, ou se favorecerá, ainda de modo mais severo, a condição passiva e acrítica daquele que nada tem, confirmando sua miséria não só material, mas imaterial, ou seja, promovendo o fortalecimento das desigualdades de oportunidades, dentro da sociedade onde vive.            




4. METODOLOGIA
Os autores com os quais este trabalho desenvolverá um caminho teórico apresentam uma visão dialógica e crítica sobre a construção do sistema educacional brasileiro e sobre as transformações sofridas, ao longo dos anos, dentro desta estrutura. Sob o ponto de vista filosófico, pensar-se-á sobre estas estruturas do sistema observando de que modo se estabeleceu o pensamento elitista, onde se privilegia uma educação de caráter conteudista no lugar de uma pedagogia humana. A educação a ser valorizada, deveria ser aquela entremeada pelo conhecimento entendido como parte de um conjunto de valores que o indivíduo já carrega consigo e o desenvolve nestes espaços materiais ou imateriais, da escola e da vida, a partir das suas experiências no mundo a fim de ser, de modo pleno, um cidadão autônomo, sujeito da sua própria história.
Para tanto, recorrer-se-á aos argumentos dos autores já mencionados nas citações realizadas, a saber, Paulo Freire, pedagogo da concepção dialógica da educação, autor de obras voltadas para a ideia de Educação que preconiza o desenvolvimento da autonomia do sujeito a partir de suas próprias experiências; Carlos Rodrigues Brandão, tributário de Paulo Freire, que analisa a Educação e sua relação com o sistema econômico; Demerval Saviani, filósofo da Filosofia da Educação, cujo cabedal teórico auxiliará no entendimento da História da Educação e dos rumos do “neotecnicismo”( “metodologia” incorporada na Educação como uma “pedagogia corporativa”, voltada para as atuais mudanças de cenário entre Educação e Trabalho); o Professor Jesse Souza, sociólogo da atualidade que nos revelará mais sobre as estruturas socioeconômicas brasileiras contribuindo para esclarecimentos importantes sobre o pensamento pedagógico a ser percorrido neste trabalho. E, por último, mas não menos importante, Moacir Gadotti pesquisador da Ciência da Educação. Este trará luz sobre as reflexões que, aqui, serão realizadas sobre a questão da Educação do ponto de vista mercadológico e dentro do sistema econômico capitalista.    
As concepções ideológicas sobre as quais a Educação brasileira está fundada, até a atual conjuntura, nos levam a crer que não houve mudanças significativas nos parâmetros pedagógicos que norteiam as políticas públicas voltadas para as ações que, cotidianamente, são implementadas nas escolas. Hoje, mais especificamente, assistimos à retomada de uma ideia, que nos anos 80 foi pensada e sonhada por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola no projeto da escola de horário integral, mas com a grande diferença invisível: um retorno à concepção tecnicista, com o acréscimo de algumas novas características. Estas novas características, serão analisadas a partir dos autores, aqui, listados.
Para comprovação do estudo relacionado ao tema, pretende-se, ainda, realizar uma pesquisa de campo a fim de coletar dados relevantes a respeito das questões levantadas no ponto 3.1, desta proposta. Pretende-se que estas questões, tais como, “De onde falo?”, “Para quem falo?”, “A quem se destina?”, “Para que existo?” ou “A que tipo de ser humano destina-se, então, a concepção empreendedora?”, relacionadas à escola que já existe e sobre as pessoas a quem a escola se destina e com quais propósitos, sejam direcionadas a um grupo de alunos e a um grupo de pais e/ou representantes. A coleta destes dados terá, como referência, o CEBRIC, Colégio Estadual Brigadeiro Castrioto, no Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, colégio de horário integral e de referência onde o empreendedorismo é a disciplina foco a fim de se observar a relevância ou a irrelevância da proposta disciplinar para o estudante da classe popular.         













5. REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. Brasiliense, 1987.
CIAVATTA. REIS (ORGs.)  A pesquisa histórica em Trabalho e Educação.
 Brasília: Liber Livro Editora, 2010. ( p.120 -153)                                 
CHAUÍ. Marilena de Souza.  O que é ideologia. Rio de Janeiro: Brasiliense,1980.
______________Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Àtica, 1995.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Crise da sociabilidade do capital e a produção do
                          Conhecimento. RJ Seminário de pesquisa IV,2009. (p.91-103)
________________Trabalho e Políticas Públicas de Educação, RJ Seminário
                                De pesquisa, 2006. (p.12 – 24).    
FREIRE. Paulo. Educação como prática da liberdade, RJ: Paz e terra1971.
____________Educação e Mudança. RJ: Paz e terra, 1979.
____________Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da Educação.  SP: Cortez, 2012.
_______________Pensamento Pedagógico Brasileiro. SP: Ed. Àtica, 1988.
GALLO, Silvio. Filosofia. Experiência do pensamento. SP: Scipione, 2014.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. SP: Cortez, 1991.
MAUSS, Marcel. Ensaios de Sociologia. SP: Ed. Perspectiva, 1901.
PORTO, Leonardo Sartori. Filosofia da Educação. RJ: Jorge Zahar,2006.
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. Campinas SP: Autores associados
2009.
_______História das ideias pedagógicas no Brasil. SP: Autores Associados,2011
___Educação: do senso comum à consciência filosófica. Campinas SP: Autores
Associados, 1986.
SILVA, Tadeu da (orgs,). Currículo, Cultura e Sociedade. SP: Ed. Cortez, 2002.
SOUZA, Jesse. A elite do atraso (da escravidão a lava jato). SP: LEYA,2017.
SPANOUDIS, Solon.  Heidegger. Todos e Ninguém. SP: Moraes, 1981.




[1] Designação apresentada por Jesse Souza em A Elite do Atraso, p. 58.
[2] Expressão que faz referência ao pensamento de Paulo Freire ao designar a Educação que valoriza os saberes do indivíduo.
[3] Sociólogo e Filósofo francês.
[4] Panem et circenses-  foi uma política desenvolvida durante a República romana até a metade do século XX. Pesquisadores e historiadores acreditavam que essa política havia sido criada como medida de manipulação das massas.